sexta-feira, 22 de julho de 2022

Meu Desconfortável Conforto

É hora de acordar para um fato que tem feito muitas pessoas infelizes.


 O valor que damos ao que é confortável e ao que não é.

 Vamos enumerar, seguindo o senso comum, o que é confortável:

🌠 Dormir
🌠 Assistir TV
🌠 Pescar
🌠 Fazer um churrasco

 Agora, vamos enumerar o oposto, o que é desconfortável:

 🌠 Estudar
 🌠 Trabalhar
 🌠 Se exercitar
 🌠 Mudar suas crenças


    Opa... se você não percebeu ainda (o que eu acredito que já), é que as coisas desconfortáveis na verdade são as coisas que mais fazemos (ou deveríamos). E provavelmente elas tomarão cerca de 70% do tempo de todos os seus dias. 

 Mas e aí... passar 70% do seu tempo em situações desconfortáveis... é bem desconfortável, não? 

 O objetivo único desse artigo é fazer com que você tenha uma inversão de consciência sobre o que é realmente desconfortável. E vamos começar de baixo pra cima.


1) Mudar suas crenças


    Ninguém gosta de mudar as coisas em que acredita. Porquê isso é como assumir estar errado, coisa que ninguém gosta. Estar errado deixa as pessoas irritadas. 

    Há alguns dias ví um vídeo pelo Instagram em que uma mulher andava com seu carro na estrada, e um rapaz vinha também de carro atrás dela. Nos EUA é comum carros com câmera frontal. O desse rapaz estava registrando tudo. Olha só: 
    Assim que ambos pararam, a mulher saiu de seu carro e indagou o rapaz tão furiosamente que chegava a salivar: "Eu vi que você estava me seguindo, porquê está fazendo isso? Eu tenho tudo filmado aqui."


    Ela mal deixava o rapaz se explicar.

    Quando enfim o homem conseguiu dizer algo, foi o seguinte: "moça, eu estava te seguindo porquê você saiu do posto de gasolina e esqueceu a mangueira no seu tanque."


  
    Ou seja, a mulher arrancou a mangueira do posto e vinha arrastando ela pelo asfalto (que perigo!).

    Ante o fato evidente, a mulher olhou para a mangueira no tanque ... olhou para o rapaz de volta ... e ainda furiosa disse: "Talvez!" e voltou para seu carro - ou seja, como se ela "talvez"  estivesse errada em fazer o que fez e gritar com o rapaz que vinha gentilmente avisá-la.
 

    Isso mostra que as pessoas tem uma resistência terrível a estarem erradas. E eu vou dizer algo que pode deixar muitos em choque:

   Estar errado é uma delícia!

    Essa é uma situação desconfortável, que merece ser encarada como benéfica. E por quê? 

    Simples! Porquê só aprendemos de verdade quando percebemos o nosso erro. E mais: se você não notar onde está errando, ou se notar e fingir que ainda está certo, nunca poderá evoluir. 
    E mais uma: desafie todas as suas crenças a partir de hoje. Todas elas!
    
    Uma vida confortável do ponto-de-vista da consciência começa quando percebemos que o universo tem muito a ensinar, e nós, muito a aprender, e embora de fato nunca aprendamos, precisamos permanecer numa postura humilde de aprendizado. 
    
    Como o gênio Raul dizia: "Prefiro ser essa metamorfose ambulante." - toda hora mudando seus conceitos.



2) Se exercitar


    Esse nem preciso dizer né? Você sabe que precisa se exercitar (risos).
    Muitas pessoas não fazem essa associação, mas o que você come e os exercícios que faz influenciam diretamente na sua qualidade de vida, seu humor, memória, capacidade de raciocínio, intuição, etc.
    Saiba também que fazer exercícios físicos regularmente acelera seu aprendizado musical. Mas isso é assunto pra outro artigo.


3) Trabalhar


    Assunto sensível. Pesquisas no Brasil mostram que mais de 90% das pessoas não gostam de seus trabalhos. Confesso que esse número me espantou, mas não é tanta surpresa assim né? Não gostar do trabalho é quase parte da cultura brasileira. 
    Mas esse é um problema grave, pois é onde passamos a maior parte do dia. E qual o sentido da vida passar a maior parte dela em algo que não se gosta? É um sacrilégio absurdo!
    E se você não se tocou disso ainda, lamento dizer que agora não tem volta: ou você faz algo pra ser feliz ou estará fazendo parte desses 90%

    E existem duas coisas que você pode fazer: 

    1) encontrar formas de amar o que você já faz (isso se chama alquimia mental, ou até PNL, mas é outro assunto)
    2) mudar de trabalho (simples não? Minha dica é que faça uma transição gradual, inclusive usando seu trabalho atual para subsidiar seu novo trabalho dos sonhos - comigo foi assim!)

Dica extra: o gran grimoire  da vida é vivê-la de um jeito que faça total sentido. Tudo deve estar ligado à sua essência: onde você mora, as músicas favoritas, seus hobbies, livros que lê, trabalhos que realiza.
    É essencial para o mundo que você use seu maior talento para ajudar as pessoas, ao mesmo tempo em que ganha dinheiro com isso
    É ... isso sim é um trabalho de verdade! Um que deixe você feliz, que mostre seu talento e ajude as pessoas. E tenha certeza de que você possui um talento que mais ninguém tem. Você deve descobrí-lo e estimulá-lo. 


4) Estudar



    Chegamos ao ponto vital: é triste demais o que se tornou a educação no Brasil e no ocidente no geral.     Tivemos uma inversão de valores tremenda, em que o valor dos estudos e o prestígio que tinha quem era estudioso se transformaram em piada. E o pior: estudar hoje é sinônimo de escola ou faculdade, quando em verdade deveria ser algo feito por iniciativa própria, em casa ou em qualquer lugar em que se esteja.

    Considere o seguinte: temos dois tipos de estudos. O estudo INFORMACIONAL e o estudo TRANSFORMACIONAL
    O informacional é a maior parte do currículo da escola. São conhecimentos que edificam nossa visão enciclopédica do mundo, das coisas físicas, catalogadas. 
    E o transformacional é aquele que nos modifica, que nos acrescenta habilidades, que constroem crenças e nos movem em direção à objetivos. 

Exemplo: fórmula de Bháskara é informação.
 Aprender violão é transformação.

    Qual a diferença? A menos que você seja um matemático, uma fórmula não muda sua vida. Aprender um instrumento musical mexe com seus sentimentos, é uma terapia, e um aprendizado que te joga no lado das coisas lúdicas, das artes, e te aproximam do que você é em essência.
    
    Deve-se urgentemente mudar esse senso de que estudar é chato, e trocar por algo que faz parte do seu dia, feito de forma leve e divertida. E dar prioridade aos estudos que transformam, se você quer melhorar suas vida como um todo.


    Mas e aí...
    As coisas confortáveis ...  estão erradas? 
   
    Dormir, fazer um churrasco, assistir TV, pescar são atividades muito gostosas. Dá vontade de fazer só de escrever aqui. 
    Não quero que mude isso em você, apenas que entenda que fazer SÓ essas coisas pra se divertir vão te viciar em ficar confortável - e não há crescimento na zona de conforto.
    Se você quer crescer, desconforte-se!

Conclusão


    Aqui nesse desfecho eu te faço uma pergunta: suas noções de conforto e desconforto mudaram? 
    Se não, preciso que você releia o artigo.

    E se sim, que bom!

    E você quer evoluir? Seja na música ou na vida? 
    
    Então espero com muito amor que você adentre várias situações desconfortáveis.
    Digo isso porquê quero que você descubra por sua conta uma máxima que aprendi também e que mudou minha vida:

    O desconforto é o real conforto. 

   
    Quando você se sente bem com o desconforto, quer dizer que você adquiriu uma consciência forte de aprendizado constante. Se você chega nesse estado, você pode literalmente ser ou fazer qualquer coisa.     Você estará aberto a errar sem se magoar, e aprender com isso. Irá estudar por iniciativa própria e ainda se divertindo. Irá trabalhar com amor e fazer renda com isso, enquanto melhora o mundo ao seu redor. E aí, o churrasco, pescar, etc, serão complementos na sua felicidade, e não os únicos momentos felizes. Esse é você! É quem você merece ser. Cada um de nós deve isso ao mundo.

Muhammad Ali: conhece sua história?


    
    Saiba que os maiores mestres da humanidade, empresários, cientistas, artistas, atletas, etc, chegaram a esse status porquê encararam o desconforto. E encararam tantos desafios e com tanta frequência que eles se transformaram em conforto. Não porquê ficaram fáceis (muitas vezes até ficam), mas porquê esses gênios se tornaram tão fortes espiritualmente que descobriram que pra crescer de verdade precisa passar pela catarse, pela sobrevivência após o desafio. 

    É como uma presa que sobrevive a um ataque de um predador e se torna mais forte.
    Então a busca pelo desconforto vira naturalmente uma missão de vida.

    Agora, mova-se e comece a procurar situações desconfortáveis que o façam ser a pessoa que você nasceu pra ser!

    

quarta-feira, 22 de junho de 2022

O tempo é o seu maior ativo!


 


    Primeiro de tudo: você sabe o que é um ativo?
    Ativo é qualquer bem ou subproduto de uma ação e que causam rendimentos diretos (geralmente, financeiros). 
Exemplos: dinheiro em ações, o carro que você usa pra trabalhar, a sua mão-de-obra remunerada.
 
    Agora vamos ao ponto central: o quê vale mais na vida de qualquer pessoa que seja? Aquilo que não pode ser comprado, nem substituído, nem ignorado? 

É o tempo!


    E esse artigo traz o seguinte esclarecimento, que pode servir para sua jornada musical e para tudo na vida: leve em conta o seu tempo como o seu maior ativo.

 E um exemplo muito prático onde ele se aplica é mesmo nos estudos musicais.


Considere a seguinte história:

João e Pedro são amigos, e ambos querem aprender a tocar guitarra. 


João encontrou um bom curso, em uma boa escola, com um professor reconhecido e experiente. 
Pedro encontrou um curso sem referência, mas aparentemente legal, mas o maior atrativo é que é muito mais barato.

João vai pagar mais caro pelo seu curso de guitarra.
Pedro vai pagar mais barato.

João vai aprender a tocar em entre 3-6 meses, com sua formação completa em 1 ano.
Pedro vai aprender a tocar entre 6-12 meses, com sua formação completa em 2 anos.


E digo mais:


João vai passar por um roteiro organizado, divertido e completo.
Pedro vai aprender sem critério, de forma tediosa e com várias lacunas.


    E eis aqui o famoso e peculiar patrimônio nacional: "o barato que sai caro". 

    Economizar dinheiro para perder tempo não é muito inteligente. E mais ainda: na verdade, por permanecer mais tempo no curso, Pedro acabará pagando mais caro no total acumulado. Será que vale a pena?  (pergunta retórica)


Vamos a outro exemplo: 


João pratica na guitarra uma hora por dia, todos os sete dias da semana. Legal, né? Bom menino.

Pedro diz que não tem esse tempo, então treina sete horas seguidas, um dia só (geralmente antes da aula da semana com seu professor).


A percepção imediata é que ambos treinaram as mesmas sete horas, mas a verdade é que Pedro treinou menos que João.

Aí você fica perplexo: os dois treinaram
as mesmas SETE horas, uai.



Aí é que você se engana! 


Vou repetir pra dar mais ênfase:

Aí é que você se engana!²


    E prepare-se para conhecer um dos princípios de produtividade mais inteligentes que existem, e que com certeza pode mudar sua vida:

 Praticar 1 hora todo dia é como colocar 1 real na poupança todo dia. O primeiro real rende, o segundo real soma com o rendimento e montante do primeiro, enquanto o terceiro real soma com o montante anterior, etc. 
Sabia dessa né?

    Na vida prática é igual: o que se faz todo dia acaba funcionando como o sistema de juros compostos, ou seja, assume uma função exponencial onde a primeira hora de treino de um dia soma meia-hora na hora de treino do segundo dia, que somam uma hora na hora de treino do terceiro dia, que somam duas horas na hora de treino do quarto dia, e assim por diante. Complexo? Não!
 


    O quê acontece aqui é que a relação de prática diária é a mais eficiente que existe. Os aprendizados estão tão frescos todos os dias que se complementam e se impulsionam. 

    Quando se pratica algo todo dia, com disciplina, cria-se uma bola de neve produtiva, onde os resultados são absurdamente acumulados e elevados. Se você não acredita, escolha qualquer coisa pra aprender e estude por 1 hora por dia, durante 7 dias. Que tal música?

    Isso é diferente de estudar muitas horas no mesmo dia (que é chamado de imersão), e ajuda para o caso de uma avaliação no mesmo dia, mas não surte efeito no longo prazo e nem coloca fortes impressões na memória muscular e intelectual. Resumidamente, estudar muito durante um só dia é útil para curto prazo, e praticamente inútil para aprender algo de verdade, que fique na sua memória por muito tempo. 

    E é por isso que os as crianças que estudam todos os dias o conteúdo da escola se saem bem não só nas provas, mas na vida, pois acabam encontrando utilidade prática nas lições pra sempre, enquanto os espertinhos que estudavam somente no dia da prova podiam até se sair bem nela, mas o conteúdo se torna esquecido e sem utilidade (ou seja, o trabalho da escola e do professor foram inúteis) - o espertinho ganha na prova, mas perde na vida, e está aí o motivo de pessoas fracassarem tanto na vida adulta enquanto outras que eram da mesma turma têm sucesso. E está aí também mais um exemplo da lei da função exponencial do tempo.

Highlander não precisa saber disso
    Sei que o artigo tá ficando denso e muito técnico, mas o ponto central aqui é que tenho uma sugestão: a partir de hoje, em tudo que fizer, pense em como você pode ter mais resultado priorizando o tempo, e não o dinheiro ou o impulso. Escolha o que comprovadamente te traz mais resultados em menos tempo, pois ao contrário de todo o resto, o tempo de todos (exceto de quem é imortal, como o Highlander), acaba.

Conclusão


   Siga a minha dica de treinar todos os dias, que é algo valioso e sensato, e vai te transformar de verdade em um campeão no que quer que seja que tenha escolhido pra aprender!

    Um bom método com um professor dedicado pode te ajudar a aprender algo em pouco tempo. Aí é praticar com disciplina a sua hora por dia, e aguardar que grandes resultados virão! E saiba que quero assistir de camarote o seu sucesso!

    Se você precisa de ajuda nessa jornada, clique aqui.












quarta-feira, 18 de maio de 2022

Cultura do Repertório


    O
estudante começa sua jornada na música, e passa por várias etapas, desde a pesquisa de um bom professor, a compra do seu equipamento, a organização dos estudos no seu dia-a-dia, a manutenção dos seus instrumentos, a primeira troca de cordas, as primeiras amizades musicais, etc.

    E geralmente em algum ponto dessa fase inicial de construção de uma vida com a música, dois tipos diferentes de estudantes são definidos:
    Aqueles que tem uma coragem inicial latente de construir networking e amizades musicais, e aqueles que preferem ficar praticando as lições pra si mesmo no quarto.   
    
Tem a ver com a personalidade: os que ficam mais tempo treinando sozinhos tem uma certa "timidez" ou medo de tocar em público (e acabar errando!). 
 Aqueles que não tem medo de tocar em público geralmente desenvolvem mais rápido, pois aparentam não ligar muito para os erros e isso faz com que sejam mais fluentes em menos tempo. 

 Mas veja só: os dois tipos provavelmente erram o mesmo tanto. A diferença é o modo de encarar isso, que é tão natural para a fase de aprendizagem e mesmo para a vida profissional. 

 Não há nada de errado em permanecer um bom tempo em evolução consigo mesmo. Praticando os exercícios, técnicas, etc, sozinho, sem plateia.

 E não há nada de errado também deixar de lado alguns exercícios para se dedicar a trocar conhecimentos práticos com amigos que também já estão tocando.

 Porém, é interessante que pra se passar desse nível, em ambos os casos, que se crie uma cultura de repertório. Músicas completas, tocadas do começo ao fim, de forma fluída e tranquila. 

 No primeiro caso (do tímido), temos músicos excelentes que não tocam em público, mas ao entrar na fase de repertório, acabam tocando muitas músicas geralmente de nível mais elevado. Pena que ninguém vê (ou ouve) ...

 No segundo caso (do popular), temos músicos muitos práticos, que não ligam muito pra perfeição nem pra complexidade, mas conseguem tocar muitas músicas e se divertem junto com os ouvintes e amigos.

 Obs.: não é uma regra que todos sejam assim, mas a maioria se enquadra em um dos dois.

Qual dos dois tipos acima parece mais com você? 


 Independente da sua resposta, o tema desse artigo é uma motivação para a construção do seu repertório. Ele definirá como você será em termos musicais, e até mesmo as amizades que terá na música. Tocar canções integralmente torna muito mais claro o conteúdo que se passou tanto tempo estudando. E mostra o quão preparado se está para entender a diversidade rítmica, harmônica e melódica que existe na arte musical. Costumo dizer que repertório é a teoria na prática.

 A dica aqui é simples: mesmo que você ainda esteja só começando a aprender um instrumento, busque tocar músicas que estão no seu nível. No nível iniciante, por exemplo, dá pra se tocar facilmente um Parabéns pra Você, Jingle Bell, e até mesmo algumas músicas populares. Peça ajuda ao seu professor, ou a quem já toca, pra aprender músicas que estão no seu nível técnico.

 


 Eu sempre procuro elencar os conteúdos teóricos e técnicos com repertório, que tenha a ver com a personalidade e o nível técnico dos meus alunos. Assim, eles fixam o conteúdo aprendido colocando em prática em músicas que eles gostam, e isso tem facilitado muito a evolução. 
 Por exemplo: se o conteúdo é escala cromática, após entender e fixar a cânone teórico dos princípios, intervalos e acidentes dessa escala, podemos praticar em algumas cordas solfejando cada nota, e logo após isso tocar uma música que use bastante essa escala, como o tema da Pantera Cor de Rosa ou do filme do Batman. Legal, né? 
Você sabia que o tema da
Pantera Cor-de-Rosa dá um ótimo
estudo de escala cromática?


 E se o aluno for do rock, podemos tocar um trechinho do início da For Whom te Bell Tools do Metallica. E se ele gostar de MPB? Podemos cadenciar a melodia do início do Hino Nacional

 Enfim, são muitas possibilidades, e cabe ao professor ter criatividade e experiência pra despertar no aluno um gosto genuíno pelos estudos, elencando a teoria à prática. E da prática, ao repertório. 
 O repertório irá desenvolver o estudante muito mais do que tudo que existe na teoria musical. Por isso deve ser prioridade.



    Você, como estudante, faça o possível para criar o hábito de praticar músicas inteiras. 
    Dica: use uma pasta e nela arquive todas as músicas que você quer tocar. Letras, cifras, tablaturas, partituras... e treine essa pasta todos os dias até que todo esse repertório fique tão impregnado que você tocará cada música de forma automática e fluída, e a pasta será meramente um símbolo.

    E para quem quer um repertório gospel de bom gosto, recomendo muito o Livro Digital 100 Músicas Gospel. Nele tem uma grande coleção escolhida a dedo, revisada e cifrada por profissionais, além de vários materiais de bônus. Se você gostou, saiba mais sobre ele clicando aqui.




    E se o que você precisa é começar do zero, mas não pode investir em um professor agora, conheça Método Prodígio, que é o único material exclusivamente criado e otimizado para possibilitar a qualquer pessoa, de qualquer idade, aprender a tocar violão e guitarra sem professor:

  Máxima do artigo: desenvolva a cultura do repertório em si! Escolha músicas que tenham a ver contigo, possuam significado e valor emocional. Saiba que isso vai acelerar em muitas vezes seu desenvolvimento na música. Tocando só para si ou em público, essa dica funciona mesmo!

    Bons estudos e bom repertório!

quarta-feira, 16 de março de 2022

A Mudança no Eixo de Aprendizagem

 Não se assuste, sei que o título parece alguma tese de TCC na área de Filosofia ou Ciências Sociais, mas calma, vamos entender juntos uma coisa muito interessante que está acontecendo com o mundo.



Todos sabemos que cada pessoa possui sua personalidade. Preferências, virtudes, imperfeições, necessidades, vícios, pré-disposições, etc. 

    Mas o que é realmente interessante sobre isso é a sua relação com a educação. E, ainda mais profundamente, na educação artística. São especialidades sobre as quais poucas pessoas se debruçam, e provavelmente serão muito necessárias no futuro, pois as pessoas não vão mais conseguir aprender do jeito tradicional... e isso vai mover todo o mercado consigo: as escolas, universidades, professores, cursos livres, livros, métodos - pois hoje o mercado se adapta ao público, e não o contrário.
    E a individualidade interfere no aprendizado!

 Siga o raciocínio:


Quem aí lembra da Enciclopédia Barsa?

 Há menos de 30 anos atrás (esses dias), toda a informação vinha através dos livros e cursos. 
 Geralmente, pra se aprender algo, era necessário uma imersão profunda num livro ou num curso. Demandava tempo e dedicação.
  Todos seguiam o mesmo roteiro, e pela profundidade demandada, muitos chegavam aos resultados esperados.





 Hoje, quase tudo que se possa saber está na internet. Qualquer um pode tirar uma dúvida fazendo uma pesquisa rápida no Google.

 Isso é bom né? 👍


 Porém, tem um lago negativo: o imediatismo.

 E ele ainda é agravado pelas redes sociais e pelo celular.


Professor Carlos, onde você está querendo chegar com isso? 



 Aqui: a forma de aprender as coisas está mudando! As pessoas estão desenvolvendo uma patologia introvertida e psicossocial, e seus maiores efeitos são dois:

 1. O conhecimento deve ser pra agora!
    Significa que não se pode mais esperar muito pra ter resultados, pois isso causa ansiedade.


 2. Tudo deve ser do meu jeito!

   As pessoas estão se desfazendo da herança científica que formam os pilares do que vivemos hoje, para fazer o mundo significar conforme o próprio umbigo indica.
  E veja só que coisa: isso não é de todo ruim. Só precisa-se de cuidado, senão os resultados não vêm!
      Por quê não é bom? Porquê desdenha de um conhecimento com séculos de formação.
    Por quê não é ruim? Porquê cada um é um universo, e possui capacidade em potencial pra entender e criar qualquer coisa.


E qual a solução então, C*#%#@$   ?  

Bem-vindo à dúvida-mor desse artigo!


 Toda a minha experiência na área de ensino (não só na música, já que também lecionei Filosofia em escola pública e até artes marciais) me mostrou que tem havido uma curva acentuada na maneira como os alunos aprendem. E entendendo isso, com muito esforço tenho conseguido adaptar meu método para os novos tempos, possibilitando um nível sempre muito alto de eficiência dos alunos. E, aliás, esse é ponto-chave desse artigo. Veremos mais já já - aguenta aí!

 Ainda tendo como base minha experiência, notei o seguinte: os alunos de antigamente gostavam da disciplina, do conteúdo teórico e da proximidade intensiva com o professor. Atualmente, boa parte dos alunos não tem disciplina natural, não gostam do conteúdo teórico e preferem não ter muito contato com o professor a não ser nas aulas (eu, quando aluno, ia à shows com meus professores, tomava café e fazia até churrasco junto).

Se você é meu aluno, pode me chamar pra um churrasco! 


  Isso significa que o método precisa sofrer uma conversão prática. E o educador que não perceber ou se recusar a isso, ficará pra trás. E mesmo que discorde, não há como lutar. Pelo contrário, precisa buscar uma solução com todas as suas forças.

    E essa solução (chegamos!) precisa ter dois elementos poderosos:

  • A velha e tradicional disciplina e conteúdo de aprendizagem precisam continuar!

  • Uma adaptação ao indivíduo (aluno) e um roteiro cauteloso é preciso pra se atingir resultados práticos

    Aqui, a grande maioria dos professores e escolas que pararam no tempo estão sofrendo com isso. Não entenderam ainda! Cada aluno precisa de um roteiro próprio, e não uma sequência única de despejo de informação.

    Esse um dos grandes diferenciais do meu método: seguimos sim um cânone teórico e técnico, porém eu elaboro um roteiro minucioso onde analiso e incentivo as qualidades e analiso e tento solucionar as travas de cada um. E esses relatórios são arquivos de verdade: eu crio e atualizo sempre. Ah, e antes que pergunte, não, eu não vou mostrar aqui. Talvez num livro daqui alguns anos.

    Mas percebe como isso vai além da arte? É também um divã de psicologia, e através desse equilíbrio (tradição e modernidade), eu tenho conseguido que as minhas aulas sejam, além de produtivas, que sejam também divertidas e que os alunos se sintam tão à vontade que tudo flui melhor.

    Tudo isso mostra como o processo educacional precisa ser renovado sempre. E na arte, existe uma característica adicional, pois tratamos de coisas subjetivas, sentimentos e emoções. É ainda mais complexo do que ensinar ciência exata!

 
    Isso indica que, em muito pouco tempo, um educador destacado precisará ter multidomínios pra conseguir ter eficiência: precisará conhecer bem sua área (claro!), manejar conceitos de psicologia e espiritualidade, além de dominar alguns conceitos da Filosofia (como Filosofia da Mente e Epistemologia). Aliás, parece que a gênese e o fim de toda área de estudos é a mesma: uma grande área que se multifaceta em vários subdomínios de especialidade, para depois todos se encontrarem novamente numa única unidade.


    Particularmente, eu, Carlos Speedhertz, estou sempre renovando meus conceitos, pois tenho um interesse e um amor muito grande pelos resultados dos meus alunos, tanto meus alunos na Escola SMI, quanto meus alunos particulares nos  meus cursos digitais  e tento fazer isso até nas apostilas de ensino musical
    
    O objetivo que está por trás de toda essa análise, meditação e pesquisa é que a minha missão de ensinar se desdobra em duas:

  •  Fazer meus alunos alcançarem seus objetivos e além

  •  Fazer com que o percurso seja divertido, dinâmico e transformador


    Acredito mesmo que, por trabalhar com amor, a vontade de chegar à essas conclusões acaba sendo inevitável. Espero que pra todos os interessados em expandir e melhorar o mundo através do ensino e da música isso seja assim também.


 E você, o que acha dessa mudança de eixo?

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Situações de Ensaio

Resolvi criar esse artigo depois de uma live muito legal feita com os alunos da Escola SMI.
 
 Nessa aula, mostrei como funcionam os ensaios musicais, afim de orientar a galera que já está despontando para os palcos e o público.

Introdução: Está pronto pra tocar em grupo?

 
 O sonho de muitos estudantes de música é ter sua banda, para tocar em público, fazer eventos e ter também uma renda como músico de palco.
Mas antes de acontecer isso, é necessário que se passe pelo processo de ensaio.
 E antes do processo de ensaio, é necessário passar por um pequeno checklist. Se pergunte:

✔ Sei tocar músicas inteiras sem errar?
✔ Sei tocar de pé com a mesma fluidez?
✔Sei tocar tanto com acompanhamento da música original, playback ou sem nenhum som de fundo?
✔ Consigo tocar quando alguém está olhando?

 Passar por esses passos é primordial. E não é que se busque a perfeição agora...a perfeição é uma busca constante na vida do músico. O objetivo aqui é conseguir um domínio mínimo para que o ensaio flua. E pra isso acontecer, é exigido que os músicos consigam tocar as músicas do começo até o final.

Tipos de Ensaio Musical


    
Essas definições não existem na realidade, mas separei de forma didática afim de fazer entender os diferentes tipos de encontros entre os membros da banda/grupo.

1) Ensaio Amador

    Esse formato de ensaio é descontraído. Não é exigido muito...apenas a presença de todos. Geralmente rola mais diversão do que música em si. Serve como um momento de relaxamento e de aproximação entre os músicos, e claro, já iniciar uma sincronia tocando as músicas juntos. 
    Geralmente, esse tipo de ensaio acontece na casa de algum dos membros (geralmente o baterista). Nesse caso, é legal um quartinho separado com um pouco de isolamento acústico, pois as mães ficam muito bravas com isso. 😁
   Requisitos: levar o instrumento, sua bebida e sua parte na vaquinha da pizza.



2) Ensaio semi-profissional

    É a grande maioria dos casos.
    Nesse formato, os ensaios já pedem que cada músico já tenha dedicação pra tocar as músicas completas. E isso é feito geralmente em um estúdio de ensaio, que é pago por hora ou por pacote de serviços. Em cada região varia, mas é comum encontrar em 2022 preços entre 50$ e 100$ pela hora de ensaio. 
    DICA: sempre reserve pelo menos duas horas, pois uma hora no estúdio passa muito rápido.

    Ao contrário do que muita gente pensa, o ensaio não é para aprender a tocar as músicas, e sim para sincronizar os músicos e adicionar ideias e as características da banda às músicas do repertório.
    Também pode ser usada para processo de composição, que é quando a banda cria uma música nova do zero. 

    Requisitos: levar seu instrumento, microfone e acessórios como pedais e pedaleiras. O estúdio dispõe de amplificadores, cabos e tratamento acústico. Certifique-se de conseguir tocar o repertório todo sem errar muito (pequenos erros, tudo bem. Erros que travam a música, não!). Sempre chegue antes do horário marcado.



3) Ensaio Profissional

    Aqui a situação se inverte, em termos de pagamento. Geralmente o músico não paga o estúdio, e ainda recebe cachê, pago pelo artista/grupo que o contratou para o ensaio, ou pelo seu empresário/produtor.
    Atenção: quando você chegar à esse nível (parabéns!), é porquê provavelmente já passou pelos outros tipos de ensaio antes. Mas caso não, informe aos profissionais que é seu primeiro ensaio. Não é vergonhoso, desde que você consiga provar ter performance e controle. Mais vergonhoso é que aconteçam situações no estúdio que você não tem experiência pra lidar, e eles esperem soluções suas.



  Requisitos: dominar com perfeição as músicas pedidas (aqui já é considerado trabalho, portanto não são admitidos erros). Levar seus instrumentos e equipamentos. Em alguns casos, é necessário saber ler partitura. Chegar antes do horário marcado. Acertar com antecedência o contrato, o cachê e a função do ensaio.


 
Agora que já classificamos os tipos de ensaio, vamos às situações mais comuns e algumas soluções para elas:


Situação 1: Timidez

    Esse é o problema com que você tem menos com se preocupar. Isso acontece com 99% dos músicos iniciantes, e é causado pela falta de confiança de tocar em grupo. Então, tá tudo bem! Só não deixe isso atrapalhar sua performance. Faça o mínimo de um jeito simples. E lembre-se:

Música é arte > arte é pra ser divertida > divirta-se !





Situação 2: Virtuosismo
    É exatamente o contrário do anterior. Se você chegou a um nível muito alto de performance, isso é muito bom. De verdade! Mas não faça com que isso fique chato, transformando as músicas de grupo em músicas suas, fazendo muito mais do que as músicas pedem (especialidade dos guitarristas solo).
    Acredite em mim, e aprenda com os meus erros (sim, eu fiz isso 😜 )
    Pegue leve, vá distribuindo aos poucos sua criatividade em uma música ou outra.

Situação 3: Troca de tom repentina
    Um verdadeiro pesadelo para músicos iniciantes. Você aprende o repertório certinho, e quando chega o ensaio, alguém (geralmente o vocalista) sugere de trocar o tom. Isso muda toda a configuração dos acordes e da melodia. E o quê fazer?
    Se você chegar a um bom nível de conhecimento e experiência, isso nem chega a ser um problema. Simplesmente você converte tudo na hora sem precisar de nenhum esforço. Um bom material ajuda (confira esses aqui). Mas enquanto esse dia não chega...

    Vamos lá: se a mudança for para cima, e você estiver com um violão ou guitarra, pode usar o capotraste. Cada semitom que a música subiu (tom foi pra frente), é uma casa a mais onde você vai colocar o capotraste. E aí é só tocar normalmente, considerando o capotraste como a nova casa "zero" do instrumento.
    Você ainda pode usar dois recursos, que serão descrito abaixo, e funcionam tanto para descer quanto para subir tom.

 

  Mudar afinação do instrumento: você pode mudar a afinação do instrumento de cordas pelas tarraxas para tocar conforme você aprendeu. Se a mudança foi de 1 tom pra baixo (mais grave), você precisa retirar 1 tom de cada tarraxa. E aí é só tocar normalmente. Mas cuidado: evite fazer muitas alterações maiores que 1 tom, pois pode danificar o braço do instrumento. 

    Outra opção é você levar dois instrumentos pro ensaio, sendo que um deles já está em outra afinação. Legal né? Fiz muito isso!

 No caso do teclado, é só apertar o botão de transpose e está tudo certo.

   Calcular os novos acordes: aqui você pode usar um papel e caneta e calcular, ou fazer de cabeça.
    Precisa ter a escala cromática bem decoradinha!
     E acostume-se, pois isso tende a acontecer muito, inclusive ao vivo num show em cima do palco, quando o vocalista chega e diz: man, eu bebi umas ontem e minha voz tá ruim, vamos baixar um tom dessa música. 

    Treine essa situação em casa antes! Veja só esse exemplo:

  Música: Proud Mary (Creedence)
 Acordes originais da introdução: C  A  G  F

Aumentando meio-tom: C# A# G# F#
Diminuindo meio-tom: B Ab Gb E
Aumentando 1 tom: D    B    A    G
Diminuindo 1 tom: exercício pra você! 😇



 O próximo passo é aprender esses novos acordes. Sempre apresento o sistema CAGED e a configuração das 4 pestanas básicas aos meus alunos, e isso possibilita fazer qualquer acorde sem precisar pensar muito.

Se você quiser aprender mais sobre escala cromática, vou deixar aqui uma vídeo-aula gratuita sobre isso: 



Situação 4: Composição
    Isso é muito legal, e quanto mais descontraído e introsado o grupo estiver, melhor flui o processo de criação.
    Geralmente, as músicas começam com uma Big Idea, uma ideia matriz, como uma frase, um refrão, uma sequência de acordes, um motivo... mas cada artista tem seus processos. 
    Nesse momento, contribua com suas melhores ideias. Acrescente, saiba ouvir também.

    Uma coisa bem legal é usar a cadência I IV V, ou II V I de um tom para gerar o "esqueleto" da música. Aprenda isso e sugira na hora da composição. 

    Curiosidade: geralmente, quando um músico profissional lhe pede pra mostrar alguma ideia em um tom específico, você pode resolver essa parada fazendo o I IV V desse tom. E aí é só ir desenvolvendo em cima disso. 😉

Situação 5: Música nova no meio do ensaio
    Do nada, o vocalista diz que vocês vão tocar uma música nova, que nunca tocaram antes (não é composição nova, como no item anterior, mas sim uma música que já existe). Nesse caso, se você nunca tocou essa música, peça ajuda a alguém da banda que já. Pergunte o tom, os acordes... daí tente acompanhar enquanto olha as notas que outro músico faz (dica para violonistas e guitarristas: aprendam a ler as notas que o baixista faz, é bem fácil! ) . 
    Bônus: Se você entender bem de campo harmônico e harmonia funcional, pode se virar bem aqui!

Dica final: não precisa ficar assustado ou estressado com ensaio. Música é arte, e arte precisa ser divertida, lembra?
    Seja aquele que deixa tudo leve: chegando mais cedo, trazendo os instrumentos bem afinadinhos, sabendo tocar bem as músicas... é contagioso quando alguém está comprometido. Tudo passa a fluir mais fácil. 
    Saiba ouvir críticas sempre: só assim você vai crescer. Os ouvidos dos outros são diferentes dos seus!
    E, quando você ver, já vai estar acostumado com essa rotina, e aí poderá aproveitar melhor ainda essa fase que é tão gostosa! 
    



    Espero que esse artigo tenha te ajudado a entender melhor o processo de ensaio musical, e espero que agora você esteja mais preparado e confiante!

    Se precisar de mais dicas ou se matricular em algum dos meus cursos, acesse esse link aqui .


 Grande abraço e muito sucesso!