quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Diário do Professor - Edição 1


Quantas histórias um professor tem pra contar...
 

 Já se foram 13 anos de trabalho no ensino musical, e passei e presenciei muitos casos que merecem destaque, seja pela lição de moral, seja pela superação, seja pela irreverência. 



  Sobre números: Uma das coisas que eu gostaria de ter feito desde o começo é registrar as informações, desde o aluno zero, lá pelo ano de 2007 - embora tenha começado a sistematizar uma metodologia de ensino somente em 2009, e criado formalmente a Escola SMI em 2014.
 Se tivesse feito isso, teria o número exato de alunos que tive o prazer de ter. 
 Embora não tenha essa quantia exata, estimo que tenha sido algo entre 1200 - 1400 alunos. Isso sem contar as turmas de alunos que tive nos grupos de estudos em várias igrejas pela cidade, e dos alunos do projeto de musicalização da Fundação de Cultura, e também sem contar os alunos indiretos dos meus cursos online (que compram meus cursos digitais e estudam sem precisar da minha ajuda direta, que também já passam dos 200). 

 Eu fico realmente espantado com esses números, parece algo irreal. 
 E considero que uma taxa de 70 a 80% desses alunos aprenderam música pra valer. Muitos deles (muitos mesmos) já são professores de música, tocam em bandas, se apresentam profissionalmente, participam de orquestra, fazer turnês musicais, têm atividades nas plataformas de mídia musical, têm CD lançado, etc.
 
Enfim, nessa introdução quero enfatizar que realmente tenho muito orgulho de ter transformado essas vidas e ter ajudado a realizar sonhos. 

Mas vamos logo ao objetivo: quero contar pra vocês algumas histórias reais sobre minha carreira e sobre alguns alunos.
 São muitas histórias, mas resolvi sortear 2 para o artigo de hoje:

1) O aluno que aprendeu mais rápido 

 Cada pessoa tem uma curva de aprendizagem diferente. E como meu objetivo foi sempre lapidar meu método incessantemente, fui percebendo que meus alunos estavam aprendendo cada vez melhor e mais rápido. Vários me surpreenderam. 
 Mas teve um em específico que me chamou muito a atenção. Giovani tinha por volta dos 30 anos, e se não me falha a memória era empresário e tinha 2 filhos. 
 Ele veio para uma aula experimental sabendo nem sequer segurar o violão, mas mostrou muita vontade de aprender, e uma mente muito madura pra lidar com desenvolvimento pessoal. 
 Nas primeiras aulas ele já personalizou o próprio jeito de aprender: usava o tempo da aula (1 hora) somente pelo tempo suficiente pra entender o conteúdo do dia. Às vezes isso levava a aula toda. 
 Mas na maioria das vezes, em menos de 15 minutos ele já compreendia, e então ia pra casa praticar.
  Isso me surpreendeu, mesmo não tendo sido o primeiro a fazê-lo.

 Tivemos 8 aulas em 1 mês, nesse formato. 
 Mostrou muita competência praticando em casa. E na aula seguinte mostrava que dominou de fato o conteúdo passado. E diferente de muitos, ele não gastava tempo pesquisando materiais ou aulas aleatórias pela internet. 
 Era pontual na aula, e seguia estritamente meu conteúdo (todos meus conteúdos seguem um roteiro programado de forma inteligente e personalizada).
 Ao final do mês, ele estava tocando violão como se tivesse passado alguns anos. Em 1 único mês!

 Conseguia executar os ritmos, acordes, dedilhados e até alguns solos. E então ele seguiu em frente, e infelizmente não tivemos mais muito contato após esse mês de aulas. 

 Ele se tornou um símbolo de dedicação e eficiência pra mim, e ajudou a entender quais partes do meu método estavam funcionando melhor, pra que eu pudesse replicá-lo com outros alunos. 

 


2) O exemplo de dedicação 


Às vezes eu ainda me emociono quando lembro desse caso.


 Certa vez tive um aluno haitiano. Havia recém-chegado ao Brasil, e não falava bem o português. Ele era bem jovem, e veio sozinho para o Brasil tentar uma vida melhor (pesquise sobre o Haiti e descubra o motivo). 

 Me disse que tinha o sonho de tocar guitarra. E então orientei-o na compra do seu primeiro instrumento, e começamos suas aulas.
 Ele era muito empenhado, e tinha talento, mas o que chamou a atenção foi sua persistência. 

  Descontraidamente, nas aulas ele por vezes comentava sobre sua vida... não lembro detalhes, mas recordo que ele tinha dificuldades pra ter o que comer, não tinha amigos e tinha saudade da família no país dele. Fazia bicos pra se sustentar, e vinha em jejum pra aula. E mesmo assim ainda garantia o seu tempo de estudo diário de 1 hora e até a mensalidade em dia. E comentava não de uma forma queixosa, mas de um jeito esperançoso, com um coração puro e com vontade de subir na vida. 

 Passados cerca de 4 meses, ele aprendeu o básico da guitarra e se desligou do curso, exatamente por motivo financeiro. Sugeri de ele continuar, em troca de 1 mês grátis, mas ele não aceitou. Foi muito honorável!

 Depois de uns 2 anos, nos falamos pelo Facebook, e ele me convidou pra um evento em uma igreja em que ele ia tocar. Fui ao evento. E preciso dizer que fiquei muito, muito feliz e emocionado com o que vi: ele subiu no palco da igreja como líder da banda e do grupo de jovens, e tocou de forma maestral! Ele estava com um semblante de quem estava fazendo o que nasceu pra fazer. E agora tinha esposa e filho, e uma vida estável. Saiu do absoluto zero e venceu na música e na vida. Exemplo de sucesso!



 Tenho ainda muitas outras histórias reais pra trazer aqui no nosso blog, então aguardem as novas. Por enquanto, comentem: o que vocês acharam desses casos? Inspiradores, não? 

 Até a próxima!